quinta-feira, 1 de março de 2012

Aqui não jaz o corpo ainda quente

É na cama, nas suas diversas formas, que as pessoas, nas várias civilizações, vivem histórias privadas e íntimas. É na cama que se dorme, que se repousa, que se sonha, que se pratica sexo, que se procria, que se pare, que se adoece e se cura, que se recupera de um mal ou dor, que se morre e se exorciza os demónios. É na cama que se sente saudade e se encontra alguém a meio da noite. É onde se exercem rotinas e onde se encontra segredos. É um sítio comum onde se vive histórias de privacidade.
As personagens da história já lá não vivem mas a identidade persiste naquela cama com a qual se cria afinidade. O corpo já não faz parte do cenário mas a história a que ele pertenceu continua a estar presente em cada marca existente. Representa, então, “presença do corpo ausente”. Expõe a intimidade sem que ela seja explícita ou presente fisicamente. Denuncia espaços que foram palcos de momentos efusivos ou de repouso.
Sofia Vieira

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